Meu encontro com os Irmãos Shovels

Sabe aqueles dias que tem tudo para dar errado? pois é este sábado foi um desses dias, fui ligar a moto...e a bateria estava descarregada (fiquei vários dias sem sair ou liga-la  e a bateria descarregou), fiquei chateado com a situação e avisei a minha esposa que não iria passear com a Verônica, minha moto, embora já tivesse confirmado minha presença em mais um passeio promovido pelo HOG-ABA , mas para minha surpresa, acreditem... minha esposa insistiu para que eu fosse, ...bem, com meu carro fiz uma “chupeta” na moto  e fui para o local onde iria me encontrar com  os outros integrantes do passeio (bate&volta Peruíbe).
         

       Cheguei no posto “Frango Assado” da rodovia dos Imigrantes, local do encontro,  abasteci a moto e buscando informações sobre os harleyros que iriam a Peruíbe perguntei a outro motociclista que assim como eu  estava com uma camiseta da Harley-Davidson, se meu grupo já havia passado por ali, foi ai que meu sábado começou a mudar, confesso que não me lembro da resposta que o motociclista me deu...pois acabara de visualizar duas jóias raras do asfalto, a primeira, uma Harley Davidson FLH 1200 Electra Glide Cruiser Specifications ano 1972,  a segunda do mesmo ano porém uma Harley Davidson FLH Shovelhead touring, aquelas motos deveriam estar em um museu há anos, mas agora elas pertencem aos irmão Fernando e Silas também conhecidos como 'Irmãos Shovel'. Esses caras foram possuídos pelo 'espirito harley-davidson', ou seja, “estrada a frente e vento no rosto”, sem nunca ter me visto antes, Silas , meu primeiro contato, me disse que havia saído  com o irmão e que estavam pensando em ir comer um 'peixinho' em Bertioga, apesar de eu ter dito que iria para Peruíbe o mesmo convidou-me para ir  com eles, olhei para as motos deles e pensei: "estas motos são muito velhas para viajar!"... mas me deu um 'estalo' e falei: "vamos para Bertioga!".

        Colocamos as motos na rodovia e rumamos em direção ao litoral sul, a imigrantes estava entupida, fato que levou  os Shovels a acionarem as sirenes instaladas originalmente nas suas motos (as motos pertenceram a polícia rodoviária), saímos dos túneis e o transito melhorou, ou seja, começava ali um passeio sem novidades, foi o que pensei, porém este pensamento durou apenas alguns minutos. Estávamos  em Cubatão quando o Silas encostou a moto com o pneu dianteiro furado, sem condições de conserta-lo, fomos pilotando as motos vagarosamente em uma rodovia repleta de caminhões e um calor surreal para esta época do ano, de repente Fernando vê uma borracharia e sai da estrada, estaria tudo bem se Silas não tivesse passado direto pelo acesso o qual seu irmão entrara,  não me restou outra alternativa a não ser acompanhar meu parceiro até o trevo do Guarujá onde achamos finalmente um borracheiro. 

         Enquanto Silas tirava a roda da moto para que o borracheiro consertasse o pneu, avistamos o Fernando, que apesar dos nossos acenos e gritos não nos viu e passou direto por nós rumo ao centro do Guarujá, pedi a Silas que ligasse para seu irmão, que tentou fazê-lo imediatamente, porém o seu celular estava com problemas e o contato com Fernando só foi possível porque um senhor que estava na oficina nós emprestou o seu telefone.   
      Alguns minutos depois, todos reunidos, pneu consertado, retomávamos nosso destino,  Bertioga, a viagem seguia normalmente quando algumas ferramentas caíram do alfórge da moto à minha frente (moto do Silas) , paramos, pegamos as coisas e seguimos em frente , por volta das 14:00 horas, finalmente chegamos à cidade e devido a enorme fome que estávamos, fomos direto para um restaurante.

         No local, nos serviram de petiscos uns mariscos ao vinagrete maravilhoso e a refeição foi um peixe (não me lembro o nome) com salada de camarão e enquanto eu devorava a deliciosa comida ouvia as histórias hilárias de passeios realizados pelos IRMÃOS SHOVELS, e por incrível que pareça em todos os passeios narrados ora por  Fernando ora por Silas sempre havia problemas com as motos, a narrativa mais incrível foi quando os irmãos voltavam do Rio de Janeiro e o alternador não carregava a bateria da moto de um deles, a solução foi: a cada 100km aproximadamente eles trocavam as baterias das motos. Após vários contos e risadas chegou finalmente a hora de retornarmos.

         Passava das 17:00 quando colocamos as Harleys na estrada, intimamente rezei para que tudo corresse bem até chegarmos em casa, mal acabei de dizer amém e Fernando parou com problemas no acelerador, Silas abriu seu alforge, pegou uma ferramenta, apertou aqui, bateu ali e a moto estava pronta para continuar a nossa viagem, já a noite (no inverno escurece rapidamente) e na Rod dos Imigrantes notei que em uma das motos quando mudava as marcha saia bolas de fogo azulada pelo escapamento, e lembrei que o dono da moto, Fernando,  me confidenciou no restaurante que acha este "efeito" “maneiro”.

         Cheguei em casa por volta das 19:00 horas e me sentindo extremamente bem...ou seja , um sábado que tinha tudo para dar errado foi um dos  melhores  dias do ano, graças ao meu encontro com os IRMÃOS SHOVEL.